terça-feira, 12 de maio de 2009

Para ver, rever e nunca esquecer



Pode parecer exagero ou fanatismo, mas a verdade é que o gol marcado pelo Nilmar no jogo contra o Corinthians, no domingo, tomou a devida e merecida dimensão. É destaque em todos os meios de comunicação e rodas de conversa. Realmente é uma obra de arte que merece ser revista sempre.

Falei!

Aproveito também para transcrever o texto do David Coimbra na Zero Hora de hoje, que descreve com muito brilhantismo esse feito histórico do guri do Beira-Rio:

Gol para o mundo

(DAVID COIMBRA - ZERO HORA 12/05/2009)

Quantos zagueiros marcavam Pelé antes dele desembestar a driblar meio Fluminense para fazer o gol que lhe valeu a placa que Mário Filho e Joelmir Betting mandaram afixar no Maracanã em 1961?

E quantos italianos vigiavam Garrincha no momento em que ele arrancou em zigue-zague irresistível, até transformar em joões todos os jogadores da Fiorentina num amistoso da Seleção em 1958?

Finalmente, quantos fleumáticos ou ferozes britânicos resfolgavam sobre Maradona quando ele arrancou para construir seu gol imortal na Copa de 1986, contra a Inglaterra?

A resposta para as três perguntas é a mesma: um só. Maradona, Pelé e Garrincha tiveram de superar um único marcador, e depois outro, e outro, e outro, e mais outro, assim por diante, em fila indiana, até aninhar a bola na rede.

Nilmar, não.

Nilmar não dispunha do espaço de meio campo entre ele e o gol. Dispunha de pouco mais do que os 16,5 metros que separam a trave da risca horizontal da grande área. E, habitando esses 16, 5 metros, havia nada menos do que oito corintianos. Nilmar, portanto, não poderia passar por um e mais um e mais um e mais um numa corrida vertical e vertiginosa rumo ao gol, como fizeram Pelé, Maradona e Garrincha. Não. Nilmar precisava superar oito inimigos compactados naquele terreno exíguo e conflagrado.

E foi o que ele fez.

Nilmar esquivou-se dos adversários pelas únicas frestas que havia em direção ao gol. Realizou uma investida inédita, porque oblíqua. Nilmar parecia que não queria o gol, parecia correr para a linha lateral, mas era um ardil. Uma negaça. Nilmar evoluiu sobre umas raras placas da grama bermuda green do Pacaembu, todas as que podia evoluir. Progrediu não menos do que 10 metros, 12 talvez, para, de uma razoável posição de artilharia, proceder uma última esquiva, a única para o lado de dentro do campo, de onde, então, marcou o seu gol. Um gol único. Que não pode ser comparado nem aos que já urdiram gênios como Pelé, Maradona e Garrincha. Porque, afinal, o de Nilmar foi mais difícil do que os deles.


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