sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Balanço de 2010


Quando o ano vai chegando ao fim, geralmente somos movidos pelo sentimento de projetar o que vem pela frente a partir dos brindes, fogos de artifício e abraços da meia noite. Eu sempre fico pensando no futuro, mas hoje estava refletindo sobre tudo que me aconteceu em 2010 e resolvi fazer um balanço do ano no seu último dia. 

Iniciei 2010 com muitos amigos nas areias de Copacabana. Foi o reveillon mais divertido da minha vida, com horas seguidas de alegria e muitas risadas. Curti dias maravilhosos no Rio, minha terra por adoção, e depois fui para a Bahia, onde vivi dias mágicos no paraíso. O carnaval foi muito diferente dos anteriores. Esse ano troquei os agitos de Salvador pela tranquilidade das praias de Santa Catarina.

Nesse ano trabalhei muito. Ano de campanha eleitoral é sempre mais emocionante. Nesse, depois de eleger minha deputada federal, governador e senador no Rio Grande, foi hora de assumir outros compromissos. Passei o segundo turno viajando o Brasil colado naquela que seria consagrada pelas urnas como a primeira mulher a governar o nosso país. Conheci grotões desse país que nunca havia imaginado colocar os pés. Foi uma experiência emocionante e inesquecível.  

Em 2010, quebrei o dedinho do pé ao chutar uma cadeira na madrugada. Também quase arranquei o dedo da mão ao deixá-lo preso na porta do carro. O coração também teve algumas lesões, mas bem de leve. Comecei o ano apaixonado e a distância me obrigou a colocar esse sentimento na geladeira. Me apaixonei de novo, mas dessa vez foi uma ilusão que logo virou desilusão. Me apeguei e desapeguei com a mesma intensidade.

Foi o ano que me tornei popular no Twitter - concedi até entrevista para a televisão por conta disso -, abandonei o Orkut e me entreguei ao Facebook. Sori muito mais do que chorei. Me deparei com situações muito desconfortáveis que me fizeram perder um pouco o chão. Mas também foi o ano de uma energia boa, onde encontrei equilíbrio e maturidade para enfrentar todos os desafios.

Viajei para a Europa e vivi dias de puro encanto em Madri, Amsterdã e Barcelona. Me permiti viver com vontade. Me joguei! Fui um pouco mais seletivo com amizades e vi que isso é bom. Vi meu time conquistar mais uma vez a América. Também me irritei com o meu time, mas a nossa história de amor supera qualquer dificuldade, afinal "nada vai nos separar."

O fim do ano foi de intensas novidades. As mudanças profissionais me trouxeram de volta para Brasília três anos depois de partir. Deixar Porto Alegre mais uma vez foi um processo estranho. A excitação da mudança marchou paralelamente ao saudosismo. Mais que isso, desmontar meu apartamento, rever pertences, encaixotar minha vida e deixar o meu Bom Fim para trás não foi fácil, mas necessário. Ali, naquele apartamento, naquele bairro, naquela cidade, vivi um ciclo único da minha vida. Foi um período de autoconhecimento profundo, no qual pude viver a minha independência com tanta intensidade. Essa palavra, por sinal, esteve mais presente do que nunca nesse ano. Como fui intenso em tudo que vivi.

Nos últimos dias do ano, conheci meu irmão de quatro anos e percebi que tenho mais uma pessoa para amar no mundo. No último dia do ano, recebi a triste notícia da morte prematura de um amigo, que deixará saudades e boas recordações.

Foi muito bom viver 2010. O balanço é positivo e me faz receber o ano novo com muita empolgação e alegria. Que os próximos 12 meses sejam tão bons, especiais, desafiadores e intensos.

Viva 2011!

Falei!

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Barcelona


Barcelona é uma cidade louca e como foi bom curtir essa loucura nas minhas férias. Caminhar pela La Rambla logo na chegada é a melhor das recepções. Se não bastasse o charme natural do calçadão largo, coberto por árvores, ali se concentram as mais diversas manifestações culturais, seja na rua ou no imponente museu Liceu. Também é na La Rambla que está o Museu de Cera, o colorido e pulsante Mercado de San José e, lá no fim, está o Mar Mediterrâneo.

E foi nessas imediações, num bairro fortemente marcado pela imigração, que fiquei hospedado e vivi uma das mais mágicas experiências da minha vida. Fiz amigos da Inglaterra, da Guatemala, da Colômbia, dos Estados Unidos, da Alemanha, da Holanda, do Nepal, do Japão e até do Brasil. Sim, Barcelona - e em especial o Be Hostel - foi o lugar que proporcionou o maior e melhor intercâmbio dessa viagem.

A capital da Catalunha é predominantemente plana. Os poucos morros existentes ficam ao redor da cidade, o que permite uma visão panorâmica inesquecível. E é num desses morros que conheci um dos lugares mais encantadores do mundo. O Parc Güell é um parque todo feito com obras de arte de Gaudi. Cada ambiente é uma paisagem diferente neste ambiente absolutamente apaixonante, com Barcelona aos nossos pés. A energia daquele ambiente é única e inesquecível.

Como amante do futebol, vivi uma experiência que também ficará para sempre na memória. Tive a oportunidade de assistir ao vivo a um dos maiores clássicos de futebol do mundo: Barcelona X Real Madrid. O resultado de 5 X 0 para o time da casa foi só mais um ingrediente dessa mistura perfeita. Participar da festa da torcida do Barcelona diante de vários dos melhores jogadores do mundo é o saldo altamente positivo.

Pedalei muito em Barcelona, conheci praças, avenidas, arenas de touradas, mercados, a praia... ai, como foi bom encontrar o mar, mesmo no frio. Como diz o Nando Reis, "quando a gente fica em frente ao mar, a gente se sente melhor." Fui a loucas festas num acaso do destino. Cantei, dancei, me diverti, bebi, dancei no palco e fiz tudo que tinha direito. Foi em Barcelona que eu me joguei e vivi intensamente as férias que tanto esperei. 

Cada palavra que escrevo sobre Barcelona me deixa com saudades. Como foi incrível viver essa louca e caliente aventura. 

Falei!

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Amsterdã


Amo viajar! Na minha opinião esse é um dos maiores prazeres da vida. Conhecer lugares, pessoas, culturas... isso enriquece muito. No entanto, não tenho o sonho de conhecer muitos lugares. Curto o inusitado, esteja ele em alguma cidadezinha da Serra Gaúcha, em alguma praia do litoral nordestino ou em algum ponto do mundo. Mas havia dois lugares no mundo que sempre sonhei em conhecer. Um deles conheci nessas férias: Amsterdã.

Toda vez que via alguma foto ou vídeo de lá, ficava encantado com aquele lugar tão peculiar. As pessoas que já conheciam me diziam que era impossível descrever em palavras. Se é...

Quando cheguei no aeroporto da cidade, veio a primeira surpresa: minha mochila não havia chegado, ou seja, eu estava com a roupa do corpo em Amsterdã. Fui registrar a ocorrência e veio o segundo choque: o idioma. O inglês que eles falam é diferente do que aprendemos nos cursos e estamos acostumados a ouvir em filmes. Depois acabamos pegando o trem errado e por pouco não fomos parar no norte da Holanda.

Passados esses contratempos, comecei a viver um conto de fadas. É incrível caminhar por aquelas ruas extremamente organizadas e ver um cartão postal em cada lado que se olha. Os prédios são lindos, as pessoas são lindas, as bicicletas são lindas, a paisagem nem se fala... tudo é perfeito!

Depois que a mochila chegou e eu me familiarizei com o idioma, tudo ficou ainda melhor. O coroamento foi a locação de bicicleta para pedalar muito por aquelas ruas nos dias de muito frio do outono europeu. O trânsito lá é feito para as bicicletas. Todo mundo tem uma, para desfilar sua elegância sobre rodas. Sim, todas as pessoas são elegantes, inclusive enquanto pedalam.

Se faltou o colorido da primavera, sobraram paisagens maravilhosas. Os dias são curtos, a maioria do tempo é escuro, mas Amsterdã está sempre pronta para te surpreender. Quando achávamos que todos os dias seriam cinzas, surgiu o sol. Daí tudo ficou mais lindo, e obviamente, mais iluminados.

A liberdade que se respira em Amsterdã não se restringe aos Coffee Shops. Esses estabelecimentos servem para provar o quanto eles são evoluídos e o quanto precisamos evoluir. Mas a liberdade de Amsterdã está nas ruas, nos canais, nas músicas que se ouve pelas ruas, nos parques, nas bicicletas, nas pessoas, na consciência.

Cada minuto que vivi em Amsterdã foi mágico. Esse é o resumo. Isso só me deixou com gostinho de quero mais e com uma certeza: em breve eu voltarei. Muitas vezes! Até porque I AMsterdam....

Falei!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Nada vai nos separar


Uma das frases cantadas pela torcida colorada diz “nada vai nos separar”. Eu poderia destacar muitas frases dos cantos da torcida ou do hino do meu time, mas essa tem um significado muito singular para mim.
 
Sou colorado desde sempre e para sempre. Nunca me imaginei torcendo para outro time senão para o Clube do Povo do Rio Grande do Sul. O vermelho é minha cor, minha paixão. Ser colorado faz parte da minha identidade.
 
Nasci numa família bem dividida entre colorados e gremistas. Mas essa divisão era só na minha família. Quando fui para a escola, me deparei com outra realidade. Vivíamos uma época – décadas de 80 e 90 – em que o clube rival ganhava tudo. Então era pop ser gremista. Quantos colegas de famílias inteiras de colorados se tornaram gremistas. Eles eram muitos. Nós éramos poucos, mas resistentes. Me lembro de cada um dos poucos colegas e amigos colorados e da festa quase solitária que fazíamos quando o Inter ganhava algum jogo ou o Gauchão. Quando ganhávamos um Gre-Nal, era o nosso dia de maior satisfação, pois o gostinho daquela meia dúzia ganhar do time de centenas era único.
 
Eu recordo dessa época para reafirmar meu coloradismo. Não escolhi meu time pelos títulos ou pelas vitórias, mas pela paixão e pela garra. Depois veio uma época em que passamos a ganhar tudo e tenho certeza que a quantidade de colorados em idade escolar cresceu muito. Ganhar é bom. Mas perder é da vida. E nós colorados sabemos perder como poucos.
 
Até hoje eu comemoro cada título – do Gauchão ao Mundial – como se fosse o primeiro. Esperei muito para ver cada um deles e me orgulho de viver uma era tão gloriosa. Entretanto, também sei perder, e como sei. Fiquei triste com a derrota do meu Inter para o africano Mazembe. Eu sonhei que repetiríamos as glórias de 2006 em 2010. Não deu. É sofrido, mas faz crescer, amadurecer. O sonho do BI mundial não acabou, só foi adiado. E essa derrota não abala em nada a minha paixão pelo meu time, afinal de contas, NADA VAI NOS SEPARAR. Jamais!
 
Falei!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Madri



Nessas férias tive a grata oportunidade de conhecer Madri, capital da Espanha. Quando eu estava planejando a viagem, conversei com vários amigos que já haviam feito um giro europeu antes. Como meu vôo do Brasil chegava e saía de Madri, ficar alguns dias na cidade era obrigação, mas todos me aconselharam a ficar pouco, pois diziam que a cidade não tinha muito o que fazer. Ou não me conhecem, ou definitivamente não conhecem Madri.

Não havia melhor porta de entrada na Europa. É uma cidade grande, iluminada, vibrante. As avenidas largas, os prédios antigos bem conservados e as centenas de monumentos espalhados por todo o canto enchem os olhos. Tudo é muito limpo e organizado. As pessoas são elegantes e se respira ares de liberdade, onde a diversidade é muito presente e todos convivem bem com ela.

Andei muito por Madri. Das lojas da Gran Via, ao burburinho da Montera. Das belezas da Puerta Del Sol, aos encantos da Plaza Mayor. Das peculiaridades da catedral, ao luxo do Palácio Real. Do inigualável Museo Del Prado ao agito da noite efervescente. Andei por tudo. Gostei de tudo.

Como foi bom viver Madri por alguns dias. Foram poucos, mas intensos. Voltei com gostinho de quero mais. Tenho certeza que eu e Madri ainda teremos muitos e intensos encontros.

Falei!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O dia que Caruaru parou



Trabalhar na cobertura dessa eleição presidencial está sendo uma das experiências mais emocionantes da minha vida. Em primeiro lugar porque estou exercendo plenamente a minha profissão de jornalista. Mas não é só isso. Como militante político desde que me entendo por gente, trabalho também com o coração, com a emoção, com a motivação de quem acredita no que defende. E o dia 26 de outubro de 2010 certamente significa um marco nessa trajetória.


Caruaru fica a 140km de Recife, no agreste pernambucano. Eu não conhecia nem a Capital, quem dirá o interior do estado natal do presidente Lula. Ao chegar na cidade, já me deparei com ruas, carros e pessoas ansiosas à espera da próxima presidente do Brasil, Dilma Rousseff. Fui até o aeroporto, onde estava prevista a chegada da candidata. Ainda faltava duas horas, mas já havia centenas de pessoas debaixo de um sol típicamente nordestino. Era gente simples, comum que estava ali de forma militante. Conversei com alguns e percebi a emoção que os movia.


A hora de Dilma chegar ía se aproximando e mais pessoas chegavam. Repentistas, sanfoneiros e dançarinos de frevo tipicamente vestidos faziam um verdadeiro show em frente ao aeroporto. Os animadores do carro de som agitavam o povo, que à essa altura já era de milhares.


Dilma chegou. Foi cercada por parlamentares, lideranças, artistas, jornalistas, povo... Ela teve dificuldade para andar cerca de três metros que separavam a porta do terminal do carro aberto que a conduziria pela cidade. Quando ela subiu, nós da equipe e da imprensa imediatamente subimos no caminhão da frente. Era um caminhão mesmo, aberto, com umas 40 pessoas se equilibrando no meio de câmeras, máquinas fotográficas e notebooks. Dali saiu a carreata que percorreu 12km da cidade em duas horas. Eu nunca havia visto nada igual!


Pessoas corriam ao lado do carro. Pessoas - e muitas delas - saíam das suas casas emocionadas para acenar para a candidata. Era gente pendurada no alto dos prédios, em obras, barrancos, em cima de árvores, nas portas e janelas das casas, no comércio, dentro de carros e ônibus acenando com emoção. A leitura labial me permitiu entender o que uma senhora muito humilde falou na porta da sua casa: "obrigada meu Deus! É Dilma passando em frente à minha casa."


Pode parecer um pouco exagerado, mas não é. É pouco. É indescritível. Perguntei a uma jornalista que estava ao meu lado no caminhão - um apoiado no outro para se equilibrar aos solavancos das ruas - se era sempre assim. Ela respondeu que não, que aquilo era uma manifestação inédita. É que na verdade o ineditismo está na forma como o nordeste brasileiro passou a ser tratado pelo presidente retirante nordestino. Eu, que sou um sulista, cresci ouvindo que o nordeste era a periferia do Brasil, dominado pela pobreza e por coronéis políticos. Era. O governo do presidente Lula mudou a realidade daquela região, levando não só políticas transformadoras, mas acima de tudo a dignidade para a população. E como é bom ver a gratidão que eles têm. Ali não havia espaço para os ataques e para a baixaria da campanha eleitoral. Só havia espaço para a gratidão e a esperança, sentimentos voluntários que só se manifestam no coração de pessoas muito sábias.


A carreata chegou ao centro da cidade. A cena me lembrou o carnaval de rua de Salvador, quando as lojas param, não passam carros nas ruas - só trios elétricos - e milhões de pessoas tomas as ruas, calçadas e o espaço que conseguirem. Em Caruaru não eram milhões, mas milhares. Ficou impossível do carro em que Dilma estava andar no meio daquele verdadeiro mar de gente. Ela pegou o microfone e disse emocionada: "o coração do Brasil hoje bate em Caruaru!" Batia mesmo, não tinha como não sentir aquela pulsação vibrante.


Saí de Caruaru emocionado e cheio de certeza de quem governará o Brasil a partir de 1º de janeiro do ano que vem. Mas além disso, saí de Caruaru com a certeza que vivi um dos dias mais especiais desses meus 27 anos de vida, o dia que Caruaru parou.


Viva o povo brasileiro!


Falei!

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Deixa a Maria trabalhar!


Trabalho há muitos anos com uma pessoa com quem tenho não somente uma relação profissional, mas um carinho muito especial. Jamais assessoraria alguém com ideias e condutas com as quais não concordo. A minha amizade e intimidade com a deputada Maria do Rosário só faz aumentar meu respeito e admiração por essa guerreira, que coloca sempre o interesse coletivo acima de qualquer coisa. É preciso ter muita coragem para defender algumas causas nem sempre simpáticas à opinião pública, mas é necessário que alguém as faça, e a Rosário faz! Quando se fala equivocadamente que defender direitos humanos é defender bandido, ela assume a defesa dos direitos de todas as pessoas. Quando se fala que criança não vota, ela enfrenta criminosos para defender esses cidadãos que realmente não têm direito a voto, mas têm o direito a ter direitos, e merecem respeito. É uma pessoa que não se pauta pelo oportunismo eleitoral, mas pelas necessidades humanas.

É por isso que causa tanta indignação uma decisão descabida como a que foi tomada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul ontem. Tentar proibir uma pessoa honesta de se candidatar por conta de uma interpretação equivocada da legislação é uma afronta à democracia. E a decisão vem do mesmo TRE que liberou toda a máfia do Detran para se candidatar, que acha justo deputados fazerem a política do toma-lá-dá-cá  através de albergues, explorando o drama humano da saúde para ganhar votos.  Essa decisão é tão descabida que se compara a qualquer um de nós dever 40 reais para a Renner e ser condenado a 30 anos de cadeia. Pior, por uma dívida que não é sua, que é reconhecida por uma instituição e que a está pagando.

Mas não há de ser nada. Fomos formados na adversidade e ela nos fortalece. Temos a absoluta certeza que o Tribunal Superior Eleitoral reverterá esse absurdo e garantirá a verdade, mostrando quem está com a razão. E esse episódio só fortalece a convicção de que o nosso trabalho é necessário e não pode parar. Vamos reforçar as energias para a campanha e reeleger Maria do Rosário deputada com uma grande votação. Essa é a melhor resposta que as pessoas de bem desse estado darão, fazendo a verdadeira e esperada justiça.

A luta continua!

Falei!

NOTA PÚBLICA - A campanha continua!


Diante da decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) em rejeitar as contas da Frente Popular da campanha de 2008 à prefeitura de Porto Alegre e em não homologar minha candidatura à deputada federal, venho a público manifestar:

1. Minha profunda indignação frente às decisões absolutamente injustas e que tolhem o direito de me candidatar e, assim, colocar a prova o meu trabalho frente à população gaúcha.

2. Informo que estou imediatamente recorrendo ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde tenho plena confiança de que as decisões aqui tomadas serão revertidas.

3. A decisão de não homologar minha candidatura em decorrências da campanha de 2008 contraria o princípio da Lei 12.034/2009, que determina a aprovação das contas quando elas forem apresentadas regularmente. Não só apresentamos regularmente as contas, como reconhecemos a existência de dívidas que, assumidas pelo Partido dos Trabalhadores, estão sendo pagas ainda hoje. Irregular seria se não as reconhecêssemos formalmente e jogássemos tais débitos na informalidade. Por fazer o certo, por atender à Lei, estou sendo punida.

4. A decisão do TRE gaúcho contraria as decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais do resto do país que, em sua totalidade, estão concedendo o direito de concorrer a candidatos ou candidatas em situação semelhante à minha.

5. Para qualquer parlamentar a pena máxima, capital, é o impedimento de disputar eleições. Traçando um paralelo, a punição contida na decisão do TRE do Rio Grande do Sul é tão desproporcional que se compara a hipótese de um cidadão que deve a algum comércio ser punido com 30 anos de cadeia.

6. Assistimos usualmente no país decisões de absolvição daqueles que abusaram do poder econômico em eleições. Mais que isso, o mesmo TRE gaúcho acaba de liberar por unanimidade para disputar as eleições os deputados que mantinham albergues. Eu, que representei uma campanha modesta, estou sendo punida de forma injusta, afinal as dívidas não são minhas, mas do partido, que as assumiu e negocia sua quitação.

7. Na certeza de contar com a reparação do TSE, informo que darei continuidade à minha campanha eleitoral. A democracia em nosso país foi duramente conquistada. Trabalho de forma séria e responsável em defesa daquilo que é justo e digno. É por isso que seguirei dialogando de forma muito honesta com a população gaúcha, prestando contas sobre a nossa atuação e apresentando minhas propostas para um novo mandato.

8. Nunca fiz política como forma de promoção pessoal. Ao contrário, minha atuação sempre se pautou por uma relação direta com as pessoas, dialogando e interagindo para construir conquistas coletivas. Esse trabalho encontra respaldo popular. É isso que me fortalece e me faz confiar na justiça para seguir em frente.


Porto Alegre, 03 de agosto de 2010.



Maria do Rosário
Deputada Federal

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Netinho das vovós, com muito orgulho!


Tenho passado muito pouco por aqui. A correria que anda a minha vida e a chegada do twitter me fizeram deixar o blog um pouco de lado. Na verdade o twitter combina muito com o meu ritmo: objetivo e instantâneo. Mas nem por isso deixo de escrever algo que valha a pena no blog. Acho que deixei a quantidade de lado e optei pela qualidade. Certos assuntos merecem muito mais que 140 caracteres. O dia da avó, por exemplo.

É impossível falar da minha vida sem citar minhas duas avós. Elas são pessoas fundamentais em tudo. Sou o neto mais velho nos dois lados. Podem dizer que sou o mais mimado – e acho que sou mesmo o netinho da vovó – mas acredito que isso nunca foi algo ruim. Ao contrário, elas sempre estiveram ao meu lado me apoiando, mostrando o caminho correto.

Dizem que vó é a mãe com açúcar. As minhas são com açúcar, mel e adoçante. Elas não só ajudaram na minha criação, mas sempre deram uma amenizada toda vez que a minha mãe tentava ser um pouco mais rígida. Se a mãe botava de castigo, a vó tirava. Quando eu aprontava muito e a mãe queria me bater, a vó não deixava. Se eu estava com fome, lá vinha a vó com a comida que mais gosto. Quando estava doente, elas estavam de prontidão para levar no médico e controlar o horário dos remédios. Injeção eu só tomava com a mãe e a vó juntas, cada uma segurando em uma mão. Mesmo assim chorava muito. Imagina se elas não tivessem ali...

Só que nem tudo são flores. Quando eu pensava em não ir para a escola, pode ter certeza que tinha uma vó com a mochila prontinha para me levar. Quando eu não voltava na hora combinada, elas iam atrás de mim (sim, sou da época que não existia telefones celulares). Por isso que tenho certeza que esse mimo todo não me prejudicou. Ao contrário, me ensinou o valor do diálogo, a importância de ser responsável e de falar a verdade.

É por isso e por tantas outras coisas que num dia especial como esse eu não poderia deixar de registrar o meu amor e o meu carinho com essas duas pessoas tão especiais e fundamentais para a minha existência. Que felicidade ter a Dona Cecília e a Dona Rute na minha vida!

Falei!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Balanço dos 26


Estou a poucas horas de entrar na minha versão 2.7. Isso quer dizer que a era 26 está chegando ao fim. É uma fase da vida em que a troca de um ano para o outro não significa muita diferença, a não ser a proximidade dos 30 e aumento de fios brancos que surgem no meio dos cabelos castanhos. Mas resolvi fazer um breve balanço dos meus 26, do que vivi no último ano. Valeu a pena!

Com 26 eu trabalhei, aproveitei, batalhei, me estressei, viajei, me apaixonei, briguei,perdoei, mergulhei, dancei, me decepcionei, disputei, gritei, cantei, chorei, ganhei, pensei, sonhei... tantos “eis”... estive no Rio, em São Paulo, na Bahia, em Florianópolis e Brasília. Vivi o mais quente e o mais frio da minha Porto Alegre. Viajei muito pelo Estado e estive até no Uruguai.

Descobri o tal twitter e o hobbie de escrever virou vício. Agora eu escrevo o que tenho vontade a qualquer momento, dentro do limite dos 140 caracteres.  Fui feliz, acima de tudo. Isso porque tudo que vivi foi intensamente. Tenho essa mania de não suportar o meio termo. Comigo ou é muito, ou não é.

Mas os 26 chegam ao fim e lá vem os 27. Muito engraçado, mas desde pequeno sempre gostei desse número. A numerologia deve ter uma explicação que eu nunca busquei saber, mas o 27 sempre foi um número especial para mim. Enquanto a maioria gostava do 6, do 8 ou do 10, eu gostava do 27. Sempre fui assim. Quando a maioria ao meu redor queria brincar, eu queria fazer política. Quando a maioria ao meu redor era azul, eu decidi ser vermelho. Quando a maioria era par, eu era ímpar.

Sempre fui um pouco diferente, mas sempre eu mesmo. E sempre gostei do 27. Portanto, que venha os 27 e que traga boas surpresas!

Falei!


domingo, 6 de junho de 2010

A cultura em Porto Alegre tem dono


A cidade de Porto Alegre já foi conhecida em todo o mundo por diversas qualidades. Éramos a Capital da participação popular e do Fórum Social Mundial. Éramos! Hoje somos uma cidade com trânsito caótico, ruas escuras, sujas, índices altíssimos de violência, praças e parques tomados pelo mato.  Sim, nos tornamos a Capital do abandono.

Mas uma outra grande qualidade que essa saudosa Porto Alegre tinha era a vida cultural. Éramos a Capital da descentralização da cultura, do Porto Alegre em Cena, de espaços culturais valorizados e pertencentes à comunidade. Isso também mudou.

Hoje, qualquer grande show, peça ou evento cultural realizado na cidade, com raríssimas exceções, é produzido por uma mesma empresa. Os ingressos são sempre caríssimos, mesmo que as atrações sejam trazidas para cá graças à Lei de Incentivo à Cultura. Para resumir e deixar claro para todos, nós pagamos impostos, que são distribuídos por áreas do governo e uma parte vai inclusive para a cultura. Esse percentual serve, entre outras coisas, para financiar peças e shows, que chegam a Porto Alegre com valores mínimos de R$ 80,00 por pessoa e casa cheia.

O que intriga também é que os espaços da cultura em Porto Alegre foram diminuindo gradativamente. Um dos poucos lugares que abrigam manifestações gratuitas, portanto abertas ao público, é o recém inaugurado Espaço Vonpar, do Multipalco do Teatro São Pedro, que chega a ter dois shows na mesma noite, tamanha é a procura e a escassez de espaços.  O auditório Araujo Viana, um símbolo da cidade, está fechado, abandonado e em ruínas há cinco anos. A solução encontrada pela Prefeitura foi a privatização. A empresa vencedora da licitação foi a única inscrita: a Opus Promoções, a mesma que monopoliza as peças e shows realizados na cidade. Detalhe é que isso já faz dois anos e até agora nenhum prego foi colocado ali. A Prefeitura e a imprensa fazem de conta que não estão vendo. Nada de cobranças, afinal vivemos tempos de pacificação política, sem aquela raiva e aquela veemência de tratar tudo como se fosse uma disputa Gre-Nal...

Mas eu quero dividir com o amigo leitor o seguinte raciocínio: qual o interesse da Opus em reformar o espaço público da cultura de Porto Alegre se estão lucrando milhares e milhares de reais em cada show ou peça trazida a Porto Alegre? Nenhum. O compromisso da Opus não é com a cultura ou com o interesse público, mas sim com o lucro. É muito mais interessante para essa empresa lotar o Teatro do Bourbon Country com ingressos na média de R$ 150,00 do que lotar o auditório público (será que ainda pode ser chamado assim?) no meio do Parque da Redenção.

Só que precisamos ir um pouquinho além. A Opus só se tornou a dona da cultura porto-alegrense porque o poder público assim permitiu. Gostaria de saber qual a explicação que a dupla Sergius Gonzaga e Ana Fagundes, gestores da cultura de Porto Alegre, têm a dar sobre isso. Mas gostaria que eles o fizessem enquanto Secretaria Municipal de Cultura, não enquanto Opus Promoções. Não sei se é possível fazer essa divisão, mas seria adequado separar o público do privado pelo menos no momento de explicar porque a cultura pública de Porto Alegre está morrendo.

Cultura não é um bem só dos ricos, é de todos!

Falei!

terça-feira, 11 de maio de 2010

Tamo junto Dunga!


Quando o Dunga foi escolhido técnico da Seleção, logo após aquele fiasco de 2006, tive todas as dúvidas se daria certo. Mas como torcer pela Seleção não é, ou pelo menos não deveria ser, uma questão ideológica, mas sim de patriotismo, continuei torcendo pelo Brasil e, logo, pelo Dunga.  Não adianta, independente de quem for o técnico, vamos torcer pela Seleção. Essa é uma regra no país do futebol.

Só que o Dunga foi mudando a minha opinião, subindo no meu conceito. Pela primeira vez na história desse país a roupa de um técnico da Seleção virou tema de debate nacional... e ele foi segurando no peito a pressão desse emprego com 190 milhões de chefes, muitos implacáveis na rigidez. E a resposta deles veio com vitórias. Pronto! Me ganhou.

Chega a tal convocação para a Copa, aparecem milhares de suposições e o técnico faz seu anúncio. Foi dada a largada para o festival de palpites, acusações e ofensas. Os jornalistas esportivos chegam ao cúmulo de transformar uma entrevista coletiva em sabatina, tentando apertar o técnico para saber por que não convocou esse ou aquele que eles preferiam.  Só faltou fazer o que fizeram com o Felipão, que quase foi agredido na rua porque não convocou o Romário, lembram? 

Ele respondeu com um título. É claro que não depende só do técnico, mas nesse emprego meu amigo, ninguém pensa em errar. Quem quer que seja, eu vou torcer junto, tentar entender as escolhas e apoiar. Se é um cara de personalidade e coragem que nem o Dunga, e era o caso do Felipão também, acho que essa pressão só faz aumentar a empolgação e vontade de acertar.

Juro que não é bairrismo, mas estou confiante. Pelo Dunga. Pelo título. Pela Seleção.

Falei!

domingo, 9 de maio de 2010

Homenagem à minha mãe


Sou um aficionado por seriados. Gosto muito mesmo e se não me cuidar fico o dia todo trancado em casa assistindo episódios em sequência. Um dos meus favoritos é o Brothers and Sisters, que relata a história de uma família de cinco filhos, cada um de um jeito, cada um com sua história. O principal elo que os une e lidera o clã Walker é a figura da mãe, Nora, brilhantemente interpretada por Sally Fields. É essa viúva de aparência meio frágil mas de personalidade absolutamente forte quem administra e mantém viva a chama de família.

Na verdade, a personagem de Nora Walker só retrata a figura mais sensacional que existe no mundo que é a mãe. Trata-se de pessoa que gera a vida, que tem a divina missão de ceder o seu corpo para o desenvolvimento dos filhos e depois, na maioria das vezes, dar a vida por esses. Conheço grandes exemplos de mães na vida real, mas quero pedir licença para homenagear a minha.

Desde muito cedo – desde sempre, eu diria – coube à minha mãe a responsabilidade de administrar sozinha uma família. Durante sete anos fomos somente eu e ela. Depois veio a Duda. É claro que durante alguns anos, ela foi casada, mas mesmo quando tinha o marido em casa, ela sempre foi a chefe de família. Por isso mesmo sempre trabalhou muito, às vezes em dois, três empregos. Isso fazia com que ela ficasse muitas horas fora de casa. No entanto, jamais vou esquecer do barulho do seu salto chegando em casa. Eu reconhecia de longe que era ela e é impressionante o quanto isso me trazia segurança. Ela podia estar cansada, mal humorada ou simplesmente sem querer muito assunto, mas o fato de ter ela por perto era muito confortante.

Não há um momento exato na vida que eu possa descrever como o mais marcante da minha relação com a minha mãe, mas com certeza sei o mais difícil, que foi quando senti que havia possibilidade real de perdê-la. Foi um episódio muito difícil, em que pela primeira vez vi aquela fortaleza fragilizada. Tive que ser chamado à responsabilidade de liderar interinamente a família, em outra cidade, com uma irmã adolescente e minha mãe com câncer. Felizmente vencemos aquela etapa que com certeza nos deu um outro sentido para a palavra família.

Mas é assim, de momentos bons e ruins que se constituem as histórias de vida. Eu tenho orgulho da minha, em especial por ter sido liderada por uma mulher tão forte e determinada quanto a minha mãe. Ela é a protagonista da nossa história, elo que nos une e sem o qual nada seria possível.

Que bom ter uma mãe! Que bom ter a minha mãe!

Falei!
 

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Bora Fabito

No Rio Grande do Sul temos uma característica muito marcante que é a rivalidade. É algo que mora dentro da gente e se manifesta em várias situações: nos churrascos de fim de semana, na discussão entre os que preferem o verão ao inverno e vice-versa, entre maragatos e chimangos, na política e, muito especialmente, no futebol. Ou tu é colorado, ou gremista. Não tem meio termo – no máximo uma concessão para um time do interior. E todo bom colorado é anti-gremista. Todo bom gremista é anti-colorado. É assim e ponto.

Foi nesse clima de rivalidade que conheci o Fábio em Brasília. Fomos apresentados por um amigo em comum, o Rafão. Tínhamos muito em comum: ambos estudantes de jornalismo do IESB, gaúchos aquerenciados em Brasília e apaixonados por esporte. Mas essas várias semelhanças foram todas superadas justamente pela maior diferença: eu sou colorado e o Fábio gremista. E foi justamente essa diferença que nos aproximou. Se o Inter perdia no domingo, eu tentava não encontrar o Fábio pelo corredor pra não ouvir aquela flauta. Quando o Grêmio perdia eu nem o via por lá. Nunca fomos grandes amigos, mas essa rivalidade esportiva nos aproximou . Além da flauta e das brincadeiras sobre time, sempre batemos bons papos, sobre futebol ou qualquer outro assunto.

Mas a vida prega peças na gente que pegam todo mundo de surpresa. Acontecimentos que nos fazem questionar tudo e todos. Alguns desistem, se entregam. Outros se fortalecem.

Em 2006, numa festa na casa de um amigo, o Fábio caiu na piscina de mau jeito e ficou tetraplégico. Um episódio absolutamente banal mudou a vida de uma pessoa. Podia ter acontecido comigo, com qualquer um, mas aconteceu com o Fábio Grando. Ele não desistiu. Ao contrário, continuou estudando, formou-se jornalista e continuou torcendo para o seu tricolor. Agora a luta do Fábio é para viajar aos Estados Unidos para fazer um tratamento de fisioterapia que pode ajudá-lo a recuperar alguns movimentos. Só que não é uma luta nada barata.

É por isso que o Fábio e seus incansáveis amigos estão com a campanha BORA FABITO, que trabalha na arrecadação de fundos para custear a viagem e o tratamento dele. Cada um ajuda como pode, doando, divulgando ou inventando moda. Todo mundo que assiste a novela das oito e se sensibiliza com a história da Luciana, pode trazer a emoção da ficção e ajudar alguém da vida real.

Vamos arregaçar as mangas e ajudar esse tricolor com uma força de vontade verdadeiramente imortal.

Depósitos:
Banco do Brasil
Ag: 3596-3 C/C: 9411-0
Titular: Fábio Grando
CPF: 952.076.781-91

Quer conhecer mais sobre a história do Fábio e outras formas de ajudar:

Falei!

domingo, 11 de abril de 2010

O negócio é constranger


Não existe coisa que me irrita mais do que o desleixo dos seres humanos com a coletividade. Um exemplo disso são as pessoas muito mal educadas que jogam lixo no chão. É algo que realmente me tira do sério.

Jogar pequenas coisas no chão é tão habitual para algumas pessoas que elas fazem isso com a maior naturalidade, sem nenhuma vergonha, movidas por aquele pensamento “que é só um papelzinho, não vai fazer diferença...” Vai sim! Pois o seu pequeno papel se junta a outros milhares – talvez milhões – de pedacinhos que sozinhos são inofensivos, mas que juntos são uma desgraça. Me refiro ao papel de bala, à garrafinha de água, à latinha, ao pedaço de papel, à bituca de cigarro...

Eu fico pensando se quando assistem pela televisão tragédias cotidianas, como o que está acontecendo agora no Rio de Janeiro, as pessoas não se sentem culpadas. Alô galera! A natureza está mandando recados. Ou mudamos os nossos hábitos, ou fim da linha para nós. Sim, o que acontece no Rio agora e que pode muito bem acontecer em qualquer cidade é responsabilidade de quem vai morar em encostas, em morros, de quem joga lixo no chão que entope esgotos, de quem não tem consciência. Colocar a culpa nos governos é muito fácil, sobretudo porque tira das nossas costas a responsabilidade. Os administradores realmente têm sua parcela de culpa, mas não existe milagre. Se o povo não se conscientizar, não haverá solução.

Para as pessoas que jogam lixo no chão, tenho uma receita: o constrangimento. Fiz e deu certo. Essa semana eu estava atravessando a Osvaldo Aranha, uma movimentada avenida de Porto Alegre. Quando eu passava pela parada de ônibus, que por sinal estava lotada, uma senhora de 40 e poucos anos terminou de comer seu salgadinho da Elma Chips e largou o saco no chão. Parei de caminhar e esperei para ver se ela iria juntar. Não juntou. Vi que outras pessoas também ficaram olhando, mas ninguém fez nada. Continuei caminhando, mas não resisti. Voltei, juntei o papel e alcancei para ela:

- Desculpe, mas acho que a senhora deixou isso cair aqui no chão.

- Era só o que me faltava!

- Desculpe?

- Não é da tua conta o que eu faço com o lixo. Aqui não tem lixeira.

- A senhora vai me desculpar, mas tem uma lixeira bem ali e isso é da minha conta sim. Na verdade isso é da conta de todo mundo, pois esse lixo entope bueiros e acaba causando transtornos pra todo mundo. E se não tivesse lixeira, que guardasse na bolsa e levasse pra casa.

- Mas quem tu pensa que é guri pra me dizer o que eu tenho que fazer com o lixo? Uma mulher da minha idade...

- Uma mulher da sua idade dando exemplo de relaxamento!

Nesse momento ela começou a buscar apoio das pessoas que estavam esperando o ônibus mas ninguém a acolheu. Percebi que todos estavam olhando para ela com reprovação. Nesse momento ficou claro o constrangimento dela, daqueles que deixa a pessoa sem graça, com vontade de cavar um buraco no chão e se enterrar. Ela arrancou o saco da minha mão e foi até a lixeira.

Eu saí dali convencido que essa atitude é eficaz. Pode não dar certo sempre, mas tenho certeza que essa senhora lembrará do guri chato e metido toda vez que pensar em jogar um papel no chão. Acho que é isso, depende de quem tem o mínimo de consciência fazer alguma coisa, antes que seja tarde demais. Os recados estão aí, cada vez mais frequentes e graves. Se cada um fizer a sua parte, vai dar tudo certo.

Falei!