segunda-feira, 21 de junho de 2010

Balanço dos 26


Estou a poucas horas de entrar na minha versão 2.7. Isso quer dizer que a era 26 está chegando ao fim. É uma fase da vida em que a troca de um ano para o outro não significa muita diferença, a não ser a proximidade dos 30 e aumento de fios brancos que surgem no meio dos cabelos castanhos. Mas resolvi fazer um breve balanço dos meus 26, do que vivi no último ano. Valeu a pena!

Com 26 eu trabalhei, aproveitei, batalhei, me estressei, viajei, me apaixonei, briguei,perdoei, mergulhei, dancei, me decepcionei, disputei, gritei, cantei, chorei, ganhei, pensei, sonhei... tantos “eis”... estive no Rio, em São Paulo, na Bahia, em Florianópolis e Brasília. Vivi o mais quente e o mais frio da minha Porto Alegre. Viajei muito pelo Estado e estive até no Uruguai.

Descobri o tal twitter e o hobbie de escrever virou vício. Agora eu escrevo o que tenho vontade a qualquer momento, dentro do limite dos 140 caracteres.  Fui feliz, acima de tudo. Isso porque tudo que vivi foi intensamente. Tenho essa mania de não suportar o meio termo. Comigo ou é muito, ou não é.

Mas os 26 chegam ao fim e lá vem os 27. Muito engraçado, mas desde pequeno sempre gostei desse número. A numerologia deve ter uma explicação que eu nunca busquei saber, mas o 27 sempre foi um número especial para mim. Enquanto a maioria gostava do 6, do 8 ou do 10, eu gostava do 27. Sempre fui assim. Quando a maioria ao meu redor queria brincar, eu queria fazer política. Quando a maioria ao meu redor era azul, eu decidi ser vermelho. Quando a maioria era par, eu era ímpar.

Sempre fui um pouco diferente, mas sempre eu mesmo. E sempre gostei do 27. Portanto, que venha os 27 e que traga boas surpresas!

Falei!


domingo, 6 de junho de 2010

A cultura em Porto Alegre tem dono


A cidade de Porto Alegre já foi conhecida em todo o mundo por diversas qualidades. Éramos a Capital da participação popular e do Fórum Social Mundial. Éramos! Hoje somos uma cidade com trânsito caótico, ruas escuras, sujas, índices altíssimos de violência, praças e parques tomados pelo mato.  Sim, nos tornamos a Capital do abandono.

Mas uma outra grande qualidade que essa saudosa Porto Alegre tinha era a vida cultural. Éramos a Capital da descentralização da cultura, do Porto Alegre em Cena, de espaços culturais valorizados e pertencentes à comunidade. Isso também mudou.

Hoje, qualquer grande show, peça ou evento cultural realizado na cidade, com raríssimas exceções, é produzido por uma mesma empresa. Os ingressos são sempre caríssimos, mesmo que as atrações sejam trazidas para cá graças à Lei de Incentivo à Cultura. Para resumir e deixar claro para todos, nós pagamos impostos, que são distribuídos por áreas do governo e uma parte vai inclusive para a cultura. Esse percentual serve, entre outras coisas, para financiar peças e shows, que chegam a Porto Alegre com valores mínimos de R$ 80,00 por pessoa e casa cheia.

O que intriga também é que os espaços da cultura em Porto Alegre foram diminuindo gradativamente. Um dos poucos lugares que abrigam manifestações gratuitas, portanto abertas ao público, é o recém inaugurado Espaço Vonpar, do Multipalco do Teatro São Pedro, que chega a ter dois shows na mesma noite, tamanha é a procura e a escassez de espaços.  O auditório Araujo Viana, um símbolo da cidade, está fechado, abandonado e em ruínas há cinco anos. A solução encontrada pela Prefeitura foi a privatização. A empresa vencedora da licitação foi a única inscrita: a Opus Promoções, a mesma que monopoliza as peças e shows realizados na cidade. Detalhe é que isso já faz dois anos e até agora nenhum prego foi colocado ali. A Prefeitura e a imprensa fazem de conta que não estão vendo. Nada de cobranças, afinal vivemos tempos de pacificação política, sem aquela raiva e aquela veemência de tratar tudo como se fosse uma disputa Gre-Nal...

Mas eu quero dividir com o amigo leitor o seguinte raciocínio: qual o interesse da Opus em reformar o espaço público da cultura de Porto Alegre se estão lucrando milhares e milhares de reais em cada show ou peça trazida a Porto Alegre? Nenhum. O compromisso da Opus não é com a cultura ou com o interesse público, mas sim com o lucro. É muito mais interessante para essa empresa lotar o Teatro do Bourbon Country com ingressos na média de R$ 150,00 do que lotar o auditório público (será que ainda pode ser chamado assim?) no meio do Parque da Redenção.

Só que precisamos ir um pouquinho além. A Opus só se tornou a dona da cultura porto-alegrense porque o poder público assim permitiu. Gostaria de saber qual a explicação que a dupla Sergius Gonzaga e Ana Fagundes, gestores da cultura de Porto Alegre, têm a dar sobre isso. Mas gostaria que eles o fizessem enquanto Secretaria Municipal de Cultura, não enquanto Opus Promoções. Não sei se é possível fazer essa divisão, mas seria adequado separar o público do privado pelo menos no momento de explicar porque a cultura pública de Porto Alegre está morrendo.

Cultura não é um bem só dos ricos, é de todos!

Falei!