Nos últimos dias não escrevi nada no blog. Não foi falta de vontade nem de assunto, mas de tempo. Estava em Brasília, cidade em que morei por cinco anos e onde vivem minha irmã, minha mãe e muitos dos meus melhores e mais especiais amigos. Durante os dias que estava lá, tratei de curtir a cidade, que alguns infelizmente classificam de forma caricata como sede da corrupção. Coitados. Esses não conhecem o que tem de melhor nessa cidade que entre tantas qualidades é a capital brasileira.
Se o traçado da cidade é do arquiteto, o céu também é, como bem descreveu o Djavan. Em qualquer lugar que se esteja em Brasília, se tem uma visão de 180º do céu, o que é incrível. É um lugar com muitos horizontes, de uma claridade absurda, de um entardecer colorido, de noites estreladas e com a lua sempre escandalosamente presente.
Se na vida andar no eixo não é tão fácil, em Brasília aprendemos pelo menos a andar “nos eixos”, seja no eixão, no eixinho, ou nos eixos L2, L4, W3... Aprendemos a utilizar confusas siglas de letras e números para definir endereços e depois descobrimos que isso é muito mais lógico que o usual. Temos amigos que moram “no lago” e não são peixes. Conhecemos pessoas que moram no Sudoeste, que não significa outra região, simplesmente o bairro que fica do outro lado do parque.
Os pais dos amigos viram “tios” e nos acostumamos a ir em festas de desconhecidos. Sim, quem mora em casa sempre faz festa e para chegar basta levar a bebida e ter um amigo, que conhece alguém que é amigo do dono da casa. É assim mesmo. E nessa festa, onde se conhece muita gente diferente, quando a bebida estiver deixando o sujeito meio tonto, pode procurar o lugar onde estão servindo os caldos. Toda festa tem caldo – seja de feijão, verde ou vaca atolada – para aliviar a bebedeira. Assim como todo mundo conhece alguém que tem uma chácara. É regra.
Mas o mais especial de Brasília é a possibilidade de se viver a diversidade do Brasil, que lá não é uma teoria, mas a realidade. Ali conhecemos pessoas do Rio, de São Paulo, da Bahia, do Acre, de Minas, de Goiás, do Paraná, do Maranhão e até gente de Brasília. E cada pessoa com seu sotaque, com seu jeito, com seus costumes, com suas história, construindo esse gigante quebra-cabeças que é Brasília.
É por isso que tenho um carinho tão especial por essa cidade e fico tão feliz cada vez que lá estou.
Falei!
Que lindo. Nem eu falo tão bem assim da minha cidade. Voltaaaaaa, volta que a gente já está morrendo de saudades!
ResponderExcluirbj bj
Tempos atrás eu disse, lá no meu blog, que o avião Brasília pousou em minha vida, com sua brancura e suas curvas surgidas das mãos dos gênios: Lucio Costa e Niemeyer. Em Brasília o céu é distinto, inigualável. A lua que brilha no planalto central é colossal. As nuvens verdadeiramente são desvairadas e riscam entretons num céu azul-avermelhado. Brasília tem cenário exuberante. Há o Lago Paranoá por onde Oswaldo Montenegro partiu num submarino. Na Torre, o panorama das luzes da cidade que arrebataram João de Santo Cristo. O Parque da Cidade, palco do encontro de Eduardo e Mônica.
ResponderExcluirAh, Bruno! Compartilho contigo a felicidade de conhecer uma Brasília que vai muito além das paredes do poder. E amo essa mãe acolhedora de filhos desgarrados de todos os lugares do mundo.