domingo, 4 de outubro de 2009

A passividade dos gaúchos

O Rio Grande do Sul sempre se orgulhou de ser o estado mais politizado do país. Mas o mesmo Rio Grande do Sul comemora uma guerra perdida. Portanto, os gaúchos sempre tiveram posições fortes, mesmo que a lógica nem sempre nos favoreça.

Mas já tem algum tempo que eu tenho ficado de cara com o posicionamento da gauchada. Na real eu tenho percebido um conservadorismo que considero lamentável. As coisas vão mal - e muito mal - e todo mundo parece fazer de conta que não é com a gente.

Hoje, domingo, 4 de outubro de 2009, estive em duas atividades que reuniram muitas pessoas. A primeira delas foi um ato show pelo "FORA YEDA", no parque Marinha. Tinha bastante gente. A maioria, militantes de partidos de esquerda, sindicalistas, parlamentares, movimento estudantil e movimentos sociais. Muito legal, mas vi pouco povo, pouca gente comum interessada na causa. Pior, havia uma tentativa de boicote com carros de som anônimos tocando músicas altas passando toda a hora. Houve tentativa de censura também, com a polícia pressionando a liberdade de opinião. Mas isso não causou revolta, a não ser dos que estavam ali. Duvido que isso vire notícia.

Depois disso fui na peça do Rafinha Bastos no Salão de Atos da UFRGS. Também tinha muita gente. Não sei calcular em qual tinha mais, pois um era num lugar aberto e outro num teatro. Mas parto do pressuposto que havia o mesmo número de pessoas nos dois lugares.

A peça do Rafinha estava lotada de pessoas de todas as idades e estilos (a classe social era bem selecionada, já que o ingresso custava R$ 60). Ele é realmente um baita artista, pois segura um espetáculo de 1h30 sozinho, fazendo todo mundo rir o tempo todo com piadas de humor inteligente sobre todos os assuntos, inclusive a política. Sim, ele também falou de política. Começou dando uma alfinetada daquelas no Sarney. Todo o teatro aplaudiu. Como gaúcho que é, logo ele falou da política local e disse que a "Yeda roubou". O teatro ficou silencioso. Pior, olhei pro lado e vi gente discordando.


Será possível que tem gente que acha que toda essa merda que está aparecendo, que os R$ 44 milhões do Detran, que a casa da Yeda são "coisas do PT"? Será que as pessoas não têm mais a capacidade de se revoltar, de ver o que está acontecendo?

Ando muito decepcionado mesmo, pois cresci me orgulhando de pertencer a um povo que tinha opiniões sobre tudo. Agora o mundo caí sobre nossas cabeças como o teto da Renascer em Cristo e ninguém faz nada. A pesquisa Ibope divulgada nesse fim de semana revela que a governadora Yeda Crusius tem 60% de rejeição. E eu pergunto: só? Com todas essas notícias de roubalheira, corrupção, sujeira e a maior cara de pau da história do Rio Grande do Sul, ainda tem 40% do estado que acha que não é bem assim. 40% é minoria, mas ainda é muita gente.

E no programa Polêmica, da Rádio Gaúcha, sexta-feira, 62% dos ouvintes votaram contra as Olímpiadas de 2016 acontecerem no Rio de Janeiro. As justificativas são as mais absurdas, mas para mim a verdadeira é uma só: recalque. Sim, recalque por não ser aqui, por não ter nenhum gaúcho liderando a conquista ou simplesmente porque é mais uma "coisa do PT". O Lula até chorou pela conquista...

Sei que tô meio aspero, mas é que ando realmente meio frustrado com as posições da gauchada. Tô meio preocupado com o nível de conservadorismo e com essa passividade, que não admite que as coisas não vão bem só para não perder a pose do pioneirismo e da inteligência. Só que nessa, só nós estamos perdendo, pois as coisas não evoluem.

Tá na hora de dar uma boa chacoalhada na consciência da galera.

Falei!

Nenhum comentário:

Postar um comentário