segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Brasília

Nos últimos dias não escrevi nada no blog. Não foi falta de vontade nem de assunto, mas de tempo. Estava em Brasília, cidade em que morei por cinco anos e onde vivem minha irmã, minha mãe e muitos dos meus melhores e mais especiais amigos. Durante os dias que estava lá, tratei de curtir a cidade, que alguns infelizmente classificam de forma caricata como sede da corrupção. Coitados. Esses não conhecem o que tem de melhor nessa cidade que entre tantas qualidades é a capital brasileira.


Se o traçado da cidade é do arquiteto, o céu também é, como bem descreveu o Djavan. Em qualquer lugar que se esteja em Brasília, se tem uma visão de 180º do céu, o que é incrível. É um lugar com muitos horizontes, de uma claridade absurda, de um entardecer colorido, de noites estreladas e com a lua sempre escandalosamente presente.


Se na vida andar no eixo não é tão fácil, em Brasília aprendemos pelo menos a andar “nos eixos”, seja no eixão, no eixinho, ou nos eixos L2, L4, W3... Aprendemos a utilizar confusas siglas de letras e números para definir endereços e depois descobrimos que isso é muito mais lógico que o usual. Temos amigos que moram “no lago” e não são peixes. Conhecemos pessoas que moram no Sudoeste, que não significa outra região, simplesmente o bairro que fica do outro lado do parque.


Os pais dos amigos viram “tios” e nos acostumamos a ir em festas de desconhecidos. Sim, quem mora em casa sempre faz festa e para chegar basta levar a bebida e ter um amigo, que conhece alguém que é amigo do dono da casa. É assim mesmo. E nessa festa, onde se conhece muita gente diferente, quando a bebida estiver deixando o sujeito meio tonto, pode procurar o lugar onde estão servindo os caldos. Toda festa tem caldo – seja de feijão, verde ou vaca atolada – para aliviar a bebedeira. Assim como todo mundo conhece alguém que tem uma chácara. É regra.


Mas o mais especial de Brasília é a possibilidade de se viver a diversidade do Brasil, que lá não é uma teoria, mas a realidade. Ali conhecemos pessoas do Rio, de São Paulo, da Bahia, do Acre, de Minas, de Goiás, do Paraná, do Maranhão e até gente de Brasília. E cada pessoa com seu sotaque, com seu jeito, com seus costumes, com suas história, construindo esse gigante quebra-cabeças que é Brasília.


É por isso que tenho um carinho tão especial por essa cidade e fico tão feliz cada vez que lá estou.


Falei!

2 comentários:

  1. Que lindo. Nem eu falo tão bem assim da minha cidade. Voltaaaaaa, volta que a gente já está morrendo de saudades!
    bj bj

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  2. Tempos atrás eu disse, lá no meu blog, que o avião Brasília pousou em minha vida, com sua brancura e suas curvas surgidas das mãos dos gênios: Lucio Costa e Niemeyer. Em Brasília o céu é distinto, inigualável. A lua que brilha no planalto central é colossal. As nuvens verdadeiramente são desvairadas e riscam entretons num céu azul-avermelhado. Brasília tem cenário exuberante. Há o Lago Paranoá por onde Oswaldo Montenegro partiu num submarino. Na Torre, o panorama das luzes da cidade que arrebataram João de Santo Cristo. O Parque da Cidade, palco do encontro de Eduardo e Mônica.

    Ah, Bruno! Compartilho contigo a felicidade de conhecer uma Brasília que vai muito além das paredes do poder. E amo essa mãe acolhedora de filhos desgarrados de todos os lugares do mundo.

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