domingo, 11 de abril de 2010

O negócio é constranger


Não existe coisa que me irrita mais do que o desleixo dos seres humanos com a coletividade. Um exemplo disso são as pessoas muito mal educadas que jogam lixo no chão. É algo que realmente me tira do sério.

Jogar pequenas coisas no chão é tão habitual para algumas pessoas que elas fazem isso com a maior naturalidade, sem nenhuma vergonha, movidas por aquele pensamento “que é só um papelzinho, não vai fazer diferença...” Vai sim! Pois o seu pequeno papel se junta a outros milhares – talvez milhões – de pedacinhos que sozinhos são inofensivos, mas que juntos são uma desgraça. Me refiro ao papel de bala, à garrafinha de água, à latinha, ao pedaço de papel, à bituca de cigarro...

Eu fico pensando se quando assistem pela televisão tragédias cotidianas, como o que está acontecendo agora no Rio de Janeiro, as pessoas não se sentem culpadas. Alô galera! A natureza está mandando recados. Ou mudamos os nossos hábitos, ou fim da linha para nós. Sim, o que acontece no Rio agora e que pode muito bem acontecer em qualquer cidade é responsabilidade de quem vai morar em encostas, em morros, de quem joga lixo no chão que entope esgotos, de quem não tem consciência. Colocar a culpa nos governos é muito fácil, sobretudo porque tira das nossas costas a responsabilidade. Os administradores realmente têm sua parcela de culpa, mas não existe milagre. Se o povo não se conscientizar, não haverá solução.

Para as pessoas que jogam lixo no chão, tenho uma receita: o constrangimento. Fiz e deu certo. Essa semana eu estava atravessando a Osvaldo Aranha, uma movimentada avenida de Porto Alegre. Quando eu passava pela parada de ônibus, que por sinal estava lotada, uma senhora de 40 e poucos anos terminou de comer seu salgadinho da Elma Chips e largou o saco no chão. Parei de caminhar e esperei para ver se ela iria juntar. Não juntou. Vi que outras pessoas também ficaram olhando, mas ninguém fez nada. Continuei caminhando, mas não resisti. Voltei, juntei o papel e alcancei para ela:

- Desculpe, mas acho que a senhora deixou isso cair aqui no chão.

- Era só o que me faltava!

- Desculpe?

- Não é da tua conta o que eu faço com o lixo. Aqui não tem lixeira.

- A senhora vai me desculpar, mas tem uma lixeira bem ali e isso é da minha conta sim. Na verdade isso é da conta de todo mundo, pois esse lixo entope bueiros e acaba causando transtornos pra todo mundo. E se não tivesse lixeira, que guardasse na bolsa e levasse pra casa.

- Mas quem tu pensa que é guri pra me dizer o que eu tenho que fazer com o lixo? Uma mulher da minha idade...

- Uma mulher da sua idade dando exemplo de relaxamento!

Nesse momento ela começou a buscar apoio das pessoas que estavam esperando o ônibus mas ninguém a acolheu. Percebi que todos estavam olhando para ela com reprovação. Nesse momento ficou claro o constrangimento dela, daqueles que deixa a pessoa sem graça, com vontade de cavar um buraco no chão e se enterrar. Ela arrancou o saco da minha mão e foi até a lixeira.

Eu saí dali convencido que essa atitude é eficaz. Pode não dar certo sempre, mas tenho certeza que essa senhora lembrará do guri chato e metido toda vez que pensar em jogar um papel no chão. Acho que é isso, depende de quem tem o mínimo de consciência fazer alguma coisa, antes que seja tarde demais. Os recados estão aí, cada vez mais frequentes e graves. Se cada um fizer a sua parte, vai dar tudo certo.

Falei!

3 comentários:

  1. Belo exemplo para que façamos tbém alguma coisa de concreto em relação ao lixo, mesmo sendo muito tímida vou tentar seguir o exemplo, da minha parte se não encontro lixeira sempre levo na bolsa meu lixo prá casa.

    ResponderExcluir
  2. Esse é meu filho....vamos adotar esse exemplo.
    Bjus,
    Mima

    ResponderExcluir
  3. Oi.
    Cara, sempre tive vontade de fazer um troço desses... mas e a coragem? Um dia eu faço isso. Kkkkkkkkkkk

    ResponderExcluir