quinta-feira, 27 de agosto de 2009

A hipocrisia globalizada

Ontem vi a notícia que a edição deste ano da Tomantina - aquela guerra de tomates que acontece há 60 anos em Valência, na Espanha, sempre na última quinta-feira de agosto - reuniu cerca de 40 mil pessoas. Para a "brincadeira", foram usadas 100 toneladas de tomate. O evento tem repercussão mundial, atraindo turistas de várias partes da Europa e do mundo.

Mas a exatos 3.4 mil quilômetros desse lugar onde as pessoas se divertem atirando tomate umas nas outras fica um país chamado Chade, no centro-norte da África. Chade tem pouco mais de 10 milhões de habitantes, um Índice de Desenvolvimento Humano de 0,389, expectativa de vida de 50 anos e um índice de mortalidade infantil de 12%. A ONU estima que 56,9% da população vive abaixo da linha de pobreza e, portanto, passa fome. Esse monte de predicados fazem de Chade o país mais pobre do mundo.

Vamos supor que um tomate pese 200 gramas. Isso significa que as 100 toneladas utilizadas em Valência representa 500 mil tomates. Se essa quantidade viajasse esses 3.4 mil quilômetros que separam o primeiro mundo do fim do mundo, não resolveria o problema dos 5.7 milhões de miseráveis de Chade, mas com certeza amenizaria a fome de 10% dessa população que teria a chance de comer pelo menos um tomate. Muitos não devem nem saber o que significa um tomate.


Mas o nosso mundo globalizado prefere ignorar isso. É mais divertido e rende notícia milhares de marmanjos de classe média e classe alta, que nunca passaram um dia de sua vida sem fazer pelo menos três refeições completas, se lambuzando de tomate no meio da rua. Fazer caridade na África até que é bonitinho, mas certamente não é tão engraçado e não rende tanto espaço na mídia.

É triste, mas é a realidade do mundo podre que vivemos.

Falei!

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