quinta-feira, 18 de junho de 2009

Família bem composta

Da lamentável explicação que o senador José Sarney tentou dar sobre a crise vivida pelo Senado – que ele preside, mas veja bem, não tem nenhuma responsabilidade, pois a crise é da instituição – o que mais me chamou a atenção foi a afirmação em sua defesa de que ele tem uma família bem composta.

Desde que ouvi aquele pronunciamento que não consigo parar de me perguntar, mas o que seria uma família bem composta?

No caso do senador, seu conceito de família bem composta deve estar ligado ao poder. O patriarca é senador, presidente do Senado e ex-presidente da República. Homem que faz carreira num estado mas numa manobra política se elege por outro. Um filho é deputado federal e ex-ministro. A filha é governadora, mesmo tendo perdido a eleição. Sim, ela chegou lá não pela vontade do povo, mas pela vontade e o poder do seu influente pai. Além disso, há outros tantos membros dessa família bem composta ocupando cargos públicos nas mais diferentes esferas. Alguns nomeados claramente. Outros, através de atos secretos.

Mas percebi um tom extremamente preconceituoso na fala do senador. Será que aquela mãe solteira, que é empregada doméstica e luta dia e noite para criar seus quatro filhos não tem uma família bem composta? Ou aquele casal trabalhador, que passa dificuldades, mas que se esforça e faz o impossível para possibilitar que os filhos estudem? E os casais homossexuais? Será que na opinião do senador Sarney essas também são famílias bem compostas?

Olha, eu prefiro mudar o conceito, até porque não sei muito bem o que é ser uma família bem composta. Mas o que eu realmente preferia, senador Sarney, é que a sua família fosse bem honesta. Isso é o que importa, que dignifica, que orgulha. E neste caso, nobre senador, existem muitas famílias, não necessariamente compostas pelos padrões tradicionais, mas que dão uma aula neste clã liderado pelo senhor e que envergonha o Brasil.

Falei!

Um comentário:

  1. Por estas e por outras que devemos sempre pensar bem antes de votar. Indivudualmente nosso voto é pouco, mas somado ao do outro e do outro pois, do contrário, podemos estar participando "sem querer" a manter estas famílias bem compostas, de safados e aproveitadores. Temos uma juventude inteligente e politizada, que precisa agir o tempo todo, para que aflorem novas lideranças com volores que realmente façam a diferença.

    Não podemos desitir nunca.

    Bjs,

    Pedro Monteiro.

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