domingo, 28 de março de 2010

O Porto mais Alegre de todos



Porto Alegre está de aniversário, completando 238 anos. É uma data muito mais do que comemorativa, mas de reflexão sobre a cidade que nasci, que vivo e que tanto amo. É uma cidade especial, de um charme todo peculiar, de muitos mistérios. Quem vem nos visitar, acha que conhece a cidade por já ter visto imagens ou ter ouvido falar de alguns pontos. Mas chegando aqui, sempre descobrem muitos outros encantos.

Somos um pouco metrópole e um pouco cidade do interior. Somos um pouco da Europa, um pouco da Argentina e muito do Brasil também. Assim como enfrentamos um trânsito infernal nas grandes avenidas, entramos em um bairro e vemos os vizinhos tomando chimarrão na calçada. Somos do frio e do calor – do 8 ao 80, colorados ou gremistas. Agora uma coisa é fato, somos acolhedores, Porto Alegre faz todo mundo se sentir em casa.

Eu nasci no bairro Independência, cresci na Zona Norte, morei fora, voltei, morei na Zona Sul e me achei aqui pelo Bom Fim, um bairro tão Porto Alegre... Não sei se viverei toda minha vida aqui, mas sei que podemos até sair de Porto Alegre, mas Porto Alegre jamais sai da gente. Aquela sensação que se sente quando o avião faz a volta por cima das ilhas do Guaíba para mirar na pista do Salgado Filho é indescritível. Toda vez que isso acontece e que da janela vemos o nosso rio que não é rio, os armazéns do Cais, o Centro, o Gasômetro e o Beira-Rio, dá um arrepio especial. É o sentimento de estar chegando em casa. E isso é pra sempre!

Agora é obvio que temos problemas. Vou citar algumas coisas que odeio em Porto Alegre, mas que só quem é daqui pode falar. Que ninguém de fora ouse abrir a boca para apontar nossos defeitos. Mas nós podemos. Então vamos lá: o trânsito cada vez mais caótico, tentar pedir alguma tele-entrega depois da meia noite, a violência cada vez mais perversa, muito influenciada por essa epidemia do crack. Também não gosto daquele bairrismo, de achar que somos melhores em tudo e que aqui tudo é superior, numa atitude às vezes arrogante. Os meses de fevereiro e julho também não dão para aguentar. Gostar de fevereiro em Porto Alegre, só se a pessoa é muito devota de Nossa Senhora dos Navegantes ou se acha o carnaval do Porto Seco a oitava maravilha do mundo.  Caso contrário, ninguém gosta de ficar aqui com a sensação térmica de quase 50°. Em julho é o inverso. Até os apaixonados pelo inverno já estão de saco cheio. É muito frio, chuva, gripes, resfriados... um saco! Para encerrar as coisas ruins, também não gosto do Grêmio e não suporto a Isabela Fogaça cantando “Porto Alegre é demais” toda hora.

A sorte é que as coisas boas da minha cidade são muito superiores. Essas merecem destaque. Como não falar daquela sensação que se sente ao ver o sol encontrando o Guaíba, deixando o lago avermelhado como nessa foto que ilustra esse post. O Centro da cidade também é um lugar tão especial. Durante o dia é aquela agitação, gente correndo, ônibus, lotações, carros... São os corredores do Mercado Público, os senhores jogando na Praça da Alfândega e a Esquina Democrática onde todo mundo se encontra. À noite podemos apreciar o charme dos prédios antigos, o encanto da Rua da Praia e a beleza do viaduto Otávio Rocha, que todo mundo chama de Viaduto da Borges mesmo. O chimarrão é a marca da nossa integração, e ele fica muito melhor se tomamos junto com amigos, sentados no gramado da Redenção, em algum ponto do Parcão ou de frente para o Guaíba, seja no calçadão de Ipanema ou no Gasômetro. O meu Bom Fim também é todo especial, com suas ruas arborizadas e com um jeito de poesia. A Cidade Baixa é da noite, das pessoas na rua, de encontrar os amigos e ver gente de todos os jeitos misturadas. A Cidade Baixa é o maior símbolo da diversidade que vivemos.  E por fim, mas nem um milímetro menos importante, está o meu Internacional e um povo apaixonado, guerreiro, lutador, que dá a marca vermelha de Porto Alegre.

Enfim, que o orgulho da minha cidade. Que felicidade de ter nascido e viver num lugar que tem a palavra “Alegre” no próprio nome. Eu amo a minha cidade e fico emocionado em saber que eu também sou um pouquinho Porto Alegre.

Falei!

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