segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Mito é mito


Hoje é um dia diferente, estranho, no mínimo. Quando se aprende a cultivar ídolos, nos preparamos para vangloriar sempre esses seres iluminados que por algum motivo viram espécies de heróis em nossas vidas. Mas dificilmente aprendemos a nos despedir desses ídolos. Isso é algo estranho, fora do script.


Me lembro da manhã de um domingo de 1994, quando uma tragédia me separou - e o Brasil todo - de um ídolo que através da Fórmula 1 conquistou lugar cativo no coração de milhões de pessoas. O nome dele era Ayrton Senna da Silva. Também me lembro da manhã de um sábado quando recebi uma mensagem no celular que dizia: "Fernandão saiu do Inter." Foi outra despedida triste, que eu não esperava e nunca queria que tivesse sido verdade.


Hoje foi diferente. Também é um dia marcado pela despedida de um ídolo da minha geração. Mas é uma despedida diferente, que parecia já estar sendo preparada há algum tempo, mas que nem por isso merece passar sem um registro.


Eu nunca gostei do Pelé, muito mais por conta da sua personalidade e tentativa de intelectualidade do que qualquer outra coisa. Um dia ouvi de uma pessoa mais velha: "tu não gostas do Pelé porque não viu ele jogar." É verdade, tem toda a razão. Rever lances de partidas antigas mostra que o cara realmente fazia e acontecia, mas sem a emoção de estar torcendo nunca é a mesma coisa.


Com o Ronaldo é diferente. Eu vi ele jogar e tenho a absoluta certeza de afirmar que é o melhor dos que já vi. Essa é a minha geração. Lembro de uma Copa do Mundo que o Brasil ganhou e que o Ronaldo - na época Ronaldinho - foi a estrela aos 17 anos mesmo sem nunca ter saído do banco. Depois disso vi outra Copa em que a estrela dele brilhou e fez o Brasil chegar à final e fracassar por algum problema que o envolveu e até hoje segue sem explicação. Mas teve outra Copa, mais uma oportunidade. E nessa, ele brilhou mais que tudo, mais que todos. Ele teve todos os méritos e glórias daquele título mundial, o quinto da nossa coleção.


Se não bastasse tudo isso, tive a oportunide de conhecer o Ronaldo. Trata-se de um cara simples, engraçado e extremamente bom caráter. Sei que muitos mais novos talvez tenham alguns senões com ele, como tenho com o Pelé. Só posso repetir o discurso dos mais velhos que eu.


Nesse caso, porém, repito com muita convicção. Que orgulho e honra de ser dessa geração que viu o Ronaldo jogar. Ele é o melhor da minha era, sem sombra de dúvidas. As melhores arrancadas, as mais surpreendentes jogadas, lances de deixar macaco velho de queixo caído. O Ronaldo foi um gênio, um mestre, o melhor jogador que já vi em campo sem perder a humildade e o jeito de muleque.


Ele foi tudo e mais um pouco e mereceu tudo isso. Os deslizes da vida e os quilos a mais são muito pouco diante do brilho dos seus dribles e da sua força de vontade para superar os obstáculos.


Fico saudoso com a despedida, mas ao mesmo tempo cheio de emoção de ser dessa geração que teve a honra de ver e viver esse verdadeiro Fenômeno chamado Ronaldo.


Falei! 

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